"Não me dê ouvidos, me dê um fígado."

Saturday, August 19, 2006

 
Direto da quina de uma mesa de alumínio carcomida pela ferrugem num canto pouco asséptico da cidade, precisamete às dez para a meia noite, eu começo a me notar o portador de uma alma inexpurgável, e sinto um forte indício de que Deus não vai muito com a minha cara: A cidade anda me odiando sem motivo aparente, e as putinhas da Nove de Julio andam me virando a cara. Mal sabem elas que tenho sido doce até comigo mesmo ultimamente, e poderia fazer verdadeiras maravilhas caso elas estivessem limpinhas.Talvez por ter raspado o cabelo, ou eu emanava mesmo uma aura sexualmente paupérrima, provável subproduto da baixa energia das luzes amareladas melancolizando minhas noites de bolsos vazios e pães de queijo com requeijão. O mau humor habitual deveria remir à remitente sagacidade dos bons dias que minha língua passeava pelos orifícios amorais de menores de idade cheirosas de leite de rosas, de volta ao meu bairro de criação e amadurecimento mal acabado, porém, aprendizado valoroso garantido pelo expediente sujo das aulas sorrateiramente cabuladas, em nome da evolução da perversão pré adolescente de escola pública de perifa.
Tenho muita amiguinha que aprendeu tin tin por tin tin sobre o riscado de um boquete bem feito no matagal do atrás do vestiário da quadra. Um cimentado impávido que pavimentaria os primeiros metros da estrada que me traz a um ponto escuso da cidade aos dizeres: "Isso, agora olha pra cima, faz olhando pra mim...". Com doze anos uma boquinha devidamente encaixada na cabeça do cacete têm o inconfundível cheiro de feriados ensolarados. Bons tempos quando elas ainda se assustavam com a esporrada, bons tempos. Hoje, na calçada iluminada com a mesma luz amarelada que fode com qualquer vontade cálida das noites de Dezembro, elas não se assustam mais, e nem lembram mais porque gostavam que gostássemos tanto - e gostávamos - mas talvez nem eu lembrasse, caso o óbvio não badalasse solenemente entre minhas coxas... Definitivamente, perdemos a inocência da sordidez de outrora, e hoje somos sórdidos mais inocentemente que nunca. Eu, com a sordidez velada pela pretensa inocência (pero no mucho), bancava o bonachão simpático e sensível, condição essa embasada pelos quilos ganhos, produto de tardes chorosas de incontáveis cervejas e bolinhos de carne por essa capital que me cospe na cara, ignorando totalmente meu amor. Já abandonando a simpatia, e sendo prático, concluí friamente que dividia a mesa - ligada a uma outra - com alguns dos mais imbecis espécimes da raça humana, e com muito pesar, concluí também não ter lugar melhor para me acomodar nas presentes condições... O papo na mesa flutuava em nuvens de densas ignomínias sem tamanho, as quais apesar de minhas próprias ignomínias devidamente guardadas, resolvi ignorar sem mero adendo.
Numa conversa de teor sexualmente velado, aliás, como são todas essas conversas, convenhamos, TODAS, sobrou no ar um clima de "agora ou nunca".
Me antecipei, preferindo obviamente o agora ao nunca e em resposta à uma pergunta indigna de figurar aqui, resolvi: "É melhor dar pra mim agora, mais tarde se eu te comer sozinho no meu banheiro, posso não ser gentil, e você adoraria até o que nunca, nem em hipótese mais chula se disponibilizaria a fazer..."
'Nojento" - ela me respondeu sem espaço, como se tivesse honra, como se fosse mais limpa e digna de mim do que qualquer sarjeta ocasional... Não sou personagem de novela das seis pra chocar fodas por semanas, meses ou - dependendo de fatores mil, e algumas pessoas (que me desgostam citar, ambos) - anos. A Vivi (uma puta, morena e gostosa até onde Deus permite) passou - à paisana naquela noite - e me perguntou: "Vai me ver hoje?" eu, social e íntegro: "Hoje não vai dar..." Nos atuais termos engatei - além dum olhar oitenta e seis - um inquisidor "Então?" Que me levaria à questões que se anulariam naturalmente, bem como o desenrolar de qualquer trama global e dos fatos apresentados à mesa. Descontando tudo isso (tramas globais principalmente) que me desgostava, a loira descolorida, depois do número da Vivi sacou que no meu angú o caroço era vendido à astronômicas somas, e o preço seria negociado com respeito, como sempre foi. Ou seria, assim... fácil. Fechamos num boquete na praça, e inverossímil é a vida de quem não é boquetado no centro. Ai meus doze anos, sou tão infantil nessas horas... Independentemete do que se passava na enfadonha trama da minissérie global - provavelmente do Walcyr Carrasco (nome auto-explicativo) - eu era boquetado na base de uma estátua de uma célebre figura da literatura mundial, que além de eu não conhecer, provavelmente nunca tinha sido chupado naquela praça.
Voltando, ainda duro, pensei em toda a dedicação com a qual chuparia Viviane Pasmanter, e como depois de 1997 tão poucas mulheres ainda me rendiam essa tesão tão longínqua. Já conformado em espirrar a prole numa garganta gentil em praça pública (como se fosse praxe), voltando acometido pela melancolia pós esporrada - meio que mau gasta, sim - ainda inconformado com Viviane Pasmanter e suas coxas que eu nunca lamberia, estava de volta à mesa carcomida pela ferrugem, a um pedaço da cidade que não me ama, ao Deus que não vai com a minha cara, e inevitávelmente a minha inexpurgável alma.
Não que o boquete tivesse sido ruim nem nada, mas sendo eu seminalmente passional e devo adimitir, um pouco xucro), esperava mais galhardia na prática da masturbação oral à minha pessoa (um sarro isso, né? "minha pessoa"... física? jurídica?), enfim, ela tinha um piercing na língua e eu curti aquilo. Vou esfregar aço cirúrgico na cabeça do pau sempre que tiver oportunidade daqui pra frente.
Naquela mesa eu pensava nas vadias do sul que meu bolso não alcançava, e me revoltava com a vista grossa quanto ao meu gênio, minha doce canastrice, e meu prestimoso pau, como finalmente condescendi. Na verdade já estou cansado dessas invertidas a là Pepe le gambá, correndo, abraçando, inseminando e voltando pro mesmo bar, na maior cara dura, às vezes mais dura do que o pau, devo dizer...
Mau humorado o bastante pra já sentir a sagacidade remitente me batendo recuperada, encho o copo de novo, começa um novo turno, e caso alguém tenha aço cirúrgico na boca, eu continuo no canto da mesa perto da quina, carcomida pela ferrugem.

Comments:
Deixando o velho Buck no chinelo heim?

Bjs
 
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