"Não me dê ouvidos, me dê um fígado."

Thursday, August 31, 2006

 
Eu vou passeando ocularmente entre as manchas de umidade pelas paredes e o teto do quarto, entre sujeiras incrustadas de mau gosto e alguns rabiscos inexplicáveis, produtos de porres e melancolia. Sou bem sozinho, sim, mas sem auto-piedade - não muita, e nunca na hora errada -, e sim, como não poderia deixar de ser, muita punheta. Afinal, não têm muita mulher por aí afim de dar pra mim, e as que o fazem, geralmente não incorrem no erro mais uma vez (apesar de eu saber por fonte segura que sou uma foda formidável). Mas o caso é que a maioria delas não demora mais de uma semana pra pedir as contas da relação, talvez - aqui vai meu chute mais sincero -, mais pela minha falta de traquejo ruminante e crônica falta de grana do que pela delicadeza (ou falta dela) com a qual ressalto as devidas e distintas - desenvoltura (ou a falta dela) - com a qual manejam hot-dogs ao comê-los ou meu viril e simpático membro, justamente ao comê-lo, (muito justamente, aliás). A verdade é que entre a melancolia da manhã de sexta e o culhão ferido do fora que fecha a mesma sexta-feira à noite, existe um cara que cede lugar no ônibus, segura porta de elevadores pra mulheres feias e gente suada e faz micagens pra crianças acabrunhadas em restaurantes... E apesar de tudo e todos, ainda acha amor um bom negócio.
Me resta então pra segurar as pontas de todas as agruras que injustamente me são - na mais infeliz confissão - praxe, belos porres (antes de qualquer recriminação de mal comidas(os) entre as óbvias manifestações contra o clichê - apesar de totalmente verdadeiro -, devo lembrar que o Chico Buarque que ao contrário desse roto narrador é bem quisto, e têm preferência e passe livre pra noventa por cento das camas brasileiras já dizia "Também sem a cachaça, ninguém segura esse rojão", logo com as lentes de contato certas, e alguma discrição, eu mereceria minha cota de bucetas correspondentes, que não é suprida pela pinga em si), e amores à distância segura, que além da confortabilidade da foda imediata (apesar de solitária), me garante mais tempo de relacionamento inocente até que o carteiro me traga o rubricado fora escrito, e meu descaso com minha caixa de e-mails me garanta um bem estar extra. No contrfluxo das crenças descartáveis (quando ainda não descartadas devidamente, claro), eu ainda me arrisco à clinchs ocasionais com flores de meio-fio entre uma pose de Roberto Carlos e outra nas portas de bares que geralmente - em mais um dos trocadilhos cretinos que um dia hei de conseguir conter - uma jovem guarda. A jovem em questão que guardava o boteco de minha preferência financeira, afinal, o guia Folha dos melhores bares da cidade não me serve nem pra desesmerdiar o xibiu, era a Jéssica, que me conhecia, como pode-se dizer, bem. Tínhamos passado duas semanas na praia, o que já constituia bodas de ouro na contabilidade geral do meu mercado de fast-foda. Ela só parou de falar comigo - num verdadeiro record na categoria - uma semana depois da viajem, quando eu num átimo de justiça considerando nosso tempo de envolvimento dessas duas semanas que dispensaram terminantemente nossas roupas, achei ter algum direito sobre seu cuzinho fechado e sua compreensão. É assim que não se come um cu nem se é compreendido num sábado à tarde, com bons argumentos - ao meu ver, ao menos -, e boa vontade sexual. O mundo não está pronto para minha idílica visão sobre relacionamentos sólidos, lubrificantes à base d´água e a tênue fronteira de látex entre a merda e o esperma, concluo. A Jéssica também não, como é óbvio, enfim...
Acabei saindo ileso, com só alguns olhares pouco amistosos dela e algumas pingas com limão na cabeça, até pensei em abordá-la, mas no fim, eu já me sentia ridículo o bastante, resolvi abortar a missão comunicativa e mesmo sob a pena de zerar minha conta bancária, resolvi me internar num puteiro de praxe, onde pelo menos existe alguma ilusão.
Fui discursando por um tempão enquanto o meu amor daquela hora me chupetava, ela até emitia uns "hum hums" ocasionais, e há mesmo de se pagar por alguma compreensão hoje em dia. Ela acabou cansando. "Não vai gozar não, gatinho?" Não queria. "Tou com preguiça, aliás, devolve meu pau e senta aqui." Paguei mais quinze pratas pra ela me segurar a mão e arriscar algumas frases românticas, só a título de poesia mesmo. Mas no fim, sem aguentar os erros de concordância dela num mero ensaio de complacência, acabei por mandar ela calar a boca e continuar ouvindo. Vi que a putinha já tava ficando meio deprimida com meu monólogo sobre meu fracasso na tentativa de constituir algo que poderia - no meu caso, com alguma vista grossa - ser considerado um ser humano.
"Volta aê, sempre que precisar" - ela ainda me dispara antes que eu saia do quarto. Sacanagem. Ela sabia mesmo que eu teria que voltar muitas e muitas vezes, e pelo olhar - que devo ressaltar: foi humilhante - ela sabia que seria mais pela conversa do que pela foda. Melhor do que continuar monologando no meio da punheta, e acabar de pau mole por não lembrar porque (ou por quem) diabos eu tava me punhetando realmente. Entre maldades de putas, Taíses, Joyces e tudo mais que não dá certo, eu me refugio na convicção de que no fim o problema não é comigo, e mesmo que seja, vou fingir que não é problema meu. Essa é a tal da vista grossa meu amigo, o que recebe outros nomes mas no fim acaba justificando suas oito horas de trabalho pra encontrar na volta uma mal comida e mau humorada qualquer, que aliás, você mesmo - a meu exemplo, se valendo da vista grossa (sua e dela) - mal come. E é isso aí, no fim só resta conformação e o largo Roosevelt, manchas de umidade e depois de falir voltar a viver com a mamãe. O sexo e o amor também podem ser praticados em carreira solo, afinal.
E pode-se considerar tudo isso uma choraminga besta, despeito e recalque, que seja. E que me comparem com pessoas e personagens em nome disso, que seja. Sou só um sujeito de pau duro e coração mole, e se isso constitui algum crime, já venho pagando a pena faz tempo. Com certeza por bom comportamento é que eu não vou diminuir tal pena, e a liberdade, infelizmente nesse caso, não é assistida.

Comments:
nhaaaaaaac.
 
Então, seu pequeno filho da puta. Tá tentando tomar meu maldito lugar, na merda do podium?
Não sou à favor do "una-se à eles" e, justamente por isso, digo-lhe, meu caro ser empírico (e às vezes um belo dum cabotino): quer trabalhar pra mim filho? Temos um ótimo plano de saúde (e litero-groupies, você sabe, como dizemos nesta merda de bairro em que ambos malditos habitam - me and you - é "a vonts".)...

Te vejo na praça com uma jarra de pinga, hasta luego
 
(PS: EU QUE FIZ O COMMENT ACIMA. FOI MAL USAR SEU PC ENQUANTO VC ESTAVA BEBEDO, MAS AGORA, LOGUEI COM MEU NICK E... TENTA NÃO QUEBRAR NENHUM VIRDO)

Então, seu pequeno filho da puta. Tá tentando tomar meu maldito lugar, na merda do podium?
Não sou à favor do "una-se à eles" e, justamente por isso, digo-lhe, meu caro ser empírico (e às vezes um belo dum cabotino): quer trabalhar pra mim filho? Temos um ótimo plano de saúde (e litero-groupies, você sabe, como dizemos nesta merda de bairro em que ambos malditos habitam - me and you - é "a vonts".)...

Te vejo na praça com uma jarra de pinga, hasta luego
 
eu sinto saudade de voce
 
Post a Comment



<< Home

Archives

August 2006  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?